Categoria: Reflexão

  • “A lei é feita, a armadilha é feita.” Práticas preocupantes nas Servas do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM)

    “A lei é feita, a armadilha é feita.” Práticas preocupantes nas Servas do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM)

    A situação em torno das Servas do Senhor e de Nossa Senhora do Matará (SSVM) continua gerando profunda preocupação devido às recentes revelações sobre suas práticas em relação à admissão de novas vocações.

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  • Efebofilia no caso do cardeal McCarrick e do padre Carlos Buela: um foco nos seminaristas

    A efebofilia, entendida como a atração sexual de adultos por adolescentes em estágios intermediários ou tardios (geralmente entre 14 e 21 anos), tem sido um tema sensível na Igreja Católica, especialmente em casos como os do cardeal Theodore McCarrick e do padre Carlos Buela. Ambos os clérigos enfrentaram alegações de má conduta sexual dirigidas principalmente a seminaristas, um grupo vulnerável devido à dinâmica de poder e confiança no contexto religioso. Este artigo discute esses casos, enfocando os seminaristas como vítimas.

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  • Que futuro para os sacerdotes do Instituto do Verbo Encarnado em caso de dissolução?

    Que futuro para os sacerdotes do Instituto do Verbo Encarnado em caso de dissolução?

    Este artigo vem na sequência de numerosos comentários de pessoas preocupadas, tanto dentro quanto fora do Instituto do Verbo Encarnado, que procuram entender o que pode acontecer se o Vaticano decidir dissolvê-lo.

    O que significa uma dissolução canônica?

    A dissolução de um instituto de vida consagrada é uma medida extrema, que só se toma quando se considera que as finalidades do instituto foram irreversivelmente distorcidas ou que se tornou prejudicial para os seus membros ou para a própria Igreja. De acordo com o Código de Direito Canônico (cânon 584), compete somente à Santa Sé dissolver um instituto de direito pontifício. Deve-se notar que o IVE, até agora, não foi erigido como um instituto de direito pontifício, portanto, sua eventual dissolução formal seguiria um procedimento diferente, embora igualmente supervisionado pela Santa Sé. Em alguns casos, optou-se pela reforma (como aconteceu com os Legionários de Cristo); em outros, a supressão foi inevitável.

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  • O que o Vaticano pode fazer sobre o Instituto do Verbo Encarnado (IVE)?

    O que o Vaticano pode fazer sobre o Instituto do Verbo Encarnado (IVE)?

    Depois de seis intervenções pontifícias, a dissolução parece inevitável

     


    🔶 Introdução

    O Instituto do Verbo Encarnado (IVE), fundado na Argentina em 1984, expandiu-se rapidamente em todo o mundo. No entanto, por trás dessa fachada de dinamismo missionário, numerosos testemunhos denunciam abusos de poder, manipulação espiritual, rigidez doutrinal e uma estrutura sectária difícil de reformar.

    O fato mais impressionante: a Santa Sé já nomeou seis comissários pontifícios para intervir no instituto. Nenhum deles conseguiu provocar mudanças estruturais.
    Que alternativas reais restam agora para o Vaticano?

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  • Derivas sectárias: documento da Conferência Episcopal Francesa

    Derivas sectárias: documento da Conferência Episcopal Francesa

    Publicamos aqui um documento dos bispos da França sobre as derivas sectárias, de Ir. Chantal-Marie SORLIN, Chefe do Escritório da Conferência Episcopal para Derivas Sectárias, junho de 2014

    Tradução de Ana Azanza. Texto original em francês .

    Esta lista de critérios segue um processo comportamental em quatro etapas cronológicas:

    1. O culto à personalidade

    Os membros do grupo sentem-se atraídos e agrupados em torno de um fundador com uma personalidade complexa em sua carreira e pretensões…

    1.1 O nascimento do grupo

    Uma disfunção no discernimento das vocações pode ter consequências nefastas. Abundam os exemplos de candidatos ao sacerdócio rejeitados em uma diocese, mas aceitos em outra. O mesmo se aplica ao reconhecimento de uma associação de fiéis ou de uma comunidade. Da mesma forma, os bispos suíços acabam de recordar esta exigência: “quando os candidatos ao sacerdócio ou à vida religiosa mudam de lugar de formação ou de comunidade, a informação deve circular entre os diretores de maneira clara e precisa”.

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  • Hipocrisia: uma máscara de virtude

    Hipocrisia: uma máscara de virtude

    Sabemos que hipocrisia é um termo usado para descrever a atitude de alguém que diz uma coisa, mas faz outra. Como menciona São Tomás de Aquino, ele a define como “uma espécie de fraude, que consiste em fingir uma virtude ou uma piedade que não se tem” (II-II. Q.111.a1). Isso nos leva a refletir sobre a autenticidade e coerência entre nossas palavras e ações.

    Nesse sentido, hoje vemos religiosos e sacerdotes do IVE rezando pelo Papa Francisco, um gesto que pode parecer de caridade e respeito. No entanto, há um contexto histórico que pode mudar nossa perspectiva. A relação entre o cardeal Bergoglio e o fundador, Carlos Buela, foi de inimizade durante sua estada na Argentina.

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  • 20 anos de aprovação diocesana das SSVM

    20 anos de aprovação diocesana das SSVM

    No dia 24 de março, a Superiora Geral, Madre Corredentora, enviou um longo comunicado às irmãs, lembrando o fato “milagroso” de que ambos os Institutos haviam recebido a aprovação diocesana das mãos de Dom Andrea Maria Erba.

    Lembremos que as SSVM antes eram apenas uma Associação Pública de Fiéis e que os padres do IVE na época estavam passando por um período difícil aos olhos da Igreja argentina (já que estavam sob comissários pontifícios) e isso dificultava o processo de aprovação diocesana. Buela era ciente dessa dificuldade e tentou todas as vias para que o Governo Geral do IVE pudesse ser trasladado rápidamente à Roma, pois se sofressem alguma ordem de fechamento dos seminários, a Casa Geral se comprometeria.

    O Governo Geral das SSVM já estava em Roma e, juntamente com os padres que eram enviados para estudar, tentaram “mexer os pauzinhos” com bispos e cardeais influentes para facilitar a mudança e

    por meio do ramo feminino, isso não seria tão difícil, pois a tática de Buela, na maioria das vezes, era enviar primeiramente as servidoras para prestar todo tipo de ajuda e de apoio aos bispos e assim “abrir o caminho” ao IVE. E assim foi com Monsenhor Erba, um bispo já idoso. Com a insistência do governo geral da SSVM e dos padres do IVE na Argentina, usando também da influência do Cardeal Sodano, quem pediu a Monsenhor Erba que solicitasse a ambos Governos em sua diocese, Velletri-Segni, e futuramente aprová-los diocesanamente. Deve-se lembrar que isso ocorreu depois da ordem de fechamento do noviciado masculino e do exílio de Buela à Equador por João Paulo II, mas, como de costume, Buela e seus seguidores sabiam como deviar das ordens de Roma.

    No texto enviado, a Madre Corredentora tenta infundir nas novas servidoras a historia da mão providente de Deus que as aprovou, citando a cena da luz que se acendia e se apagava na residência papal, como um sinal de que João Paulo II as apoiava em tudo.

    Com sua humildade característica, ela conta que, naquela época, era apenas a Vigária Geral e testemunha de tudo. Ma agora como Superiora Geral, sente a necessidade de incendiar em toda a SSVM uma história de “milagres” e “momentos providenciais” que, segundo ela, demonstraram a proximidade e a aprovação do Papa João Paulo II, que na realidade – repetimos – foi um “milagre” providenciado pelo Cardeal Sodano.

    Corredentora esquece de mencionar que na diocese anterior não contavam com um bispo tão benevolente, portanto, conseguir o traslado de ambos governos gerais à Velletri-Segni significaria unir forças e consequentemente conseguir que Buela se trasladasse à Roma e disfrutasse de mais liberdade.

    No ano de 2022 foi dercretado uma nova disposição na Igreja no que diz respeito as aprovações diocesanas, os bispos deverão pedir primeiramente autorização à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada em Roma e assim evitar as pressas e as inexperiências de institutos religiosos que resultam em problemas de abusos de todos os tipos, manipulações, desvio de fundos, etc. Esse comunicado de 2022 foi assinado pelo Cardeal João Bráz e pelo Monsenhor José Rodríguez Carballo,

    ambos também tiveram que suspender os votos de várias SSVM que que deixaram a vida religiosa e receber centenas de reclamações sobre o IVE nas últimas décadas.

    Publicamos aqui a carta da M. Corredentora para as SSVM.

  • O abandono humano em sua máxima expressão

    O abandono humano em sua máxima expressão

    Recentemente, foi publicado no YouTube um vídeo de quatro ex-religiosas contando suas experiências nas “Servidoras del Señor y la Virgen de Matará”, um vídeo que em uma semana alcançou 5.000 visualizações.

    Cada uma, em sua simplicidade, expressou suas experiências de abuso, manipulação, abandono e o que as levou a deixar o Instituto e a não mais permitir que a Congregação manipulasse suas vidas.

    Entre as muitas mensagens de apoio, muitos expressaram que se identificaram com o testemunho de abandono de Mônica após anos de vida religiosa. Mas qual foram essas experiências?

    Para aqueles que a conheceram, se lembrarão de que Mônica entrou com 17 anos de idade, uma jovem ativa e transparente com um forte desejo de santidade. Uma jovem dócil com seu diretor espiritual, com suas superioras e amante de seu instituto. Talvez dócil demais!

    Mônica foi como muitas vocações que entraram, jovens, fortes, com um grande desejo de santidade, de fazer o bem, etc., mas esse não é o problema, o problema é como o Instituto se aproveita disso, abusando de suas consciências, manipulando-as e, depois de anos, abandonando-as.

    Conocida era a ânsia de Buela no início em fundar rapidamente em muitos países, de enviar seus jovens missionários a lugares distantes, com idiomas difíceis, sem apenas experiência; o importante era crescer em número, o que impediria a Igreja de fechá-los, mas Buela nunca teve a iniciativa de sair em missão.

    Desses primeiros missionários, alguns ainda permanecem, mas a taxa de desistência no IVE é alta. Alguns se tornaram diocesanos, outros ficaram doentes, outros perderam a fé ou simplesmente tiveram que sair por causa de algum escândalo ou por algum problema com mulheres.

    O IVE prefere ter alguns como amigos, ter seus filhos nos bacharelados de San Rafael e na Terceira Ordem, desde que isso não represente uma despesa para eles ou simplesmente mostrar que são caridosos, ou talvez, para evitar que se saiba o que realmente aconteceu, pois no caso daqueles que optaram por não permanecer como “amigos”, ou denunciar os abusos de autoridade, chegando a casos de crimes, a esses os superiores proíbem qualquer contato; mesmo que tenham sido bons religiosos ouque ainda continuam sendo. Fazem comentários prejudiciais à sua pessoa, chamando-os de loucos e dizendo: “são um perigo”! O perigo é se eles disserem a verdade!

    Não são “loucos”, simplesmente saíram porque começaram a PENSAR, percebendo as ações dos superiores, as manipulações e que foram enganados na sua boa FÉ.

    Assim aconteceu com Mônica. Foi enviada à um lar com mais de 140 crianças com vários problemas familiares e judiciais. Aos 20 anos já era a vigária da comunidade (a segunda em autoridade), mas estava praticamente sozinha no comando, pois sua superiora era a tesoureira provincial e viajava muito. Mônica atendia não só as crianças com seus problemas, mas também às religiosas, sem ter respostas efetivas de sua superiora.

    Um lar com poucas freiras, algumas delas doentes, sem treinamento profissional para lidar com crianças em situações, muitas vezes, complexas, com a ajuda de poucos voluntários, alimentação insuficiente e pouco tempo para descanso.

    As SSVM brincam com a caridade, não formam a seus membros o suficiente e os sobrecarregam com funções que excedem suas capacidades humanas; as enviam com uma única frase: “são mães de almas” e com isso pensam que não podem falhar.

    são indiferentes ao sofrimento humano das religiosas. Repetem constantemente a famosa frase das Constituições: “que venderiam um cálice para o bem da saúde das irmãs”, dizem, mas não o aplicam.

    O que fazem é substituir por outras mais jovens e mais dóceis.

    Mônica foi durante mais 20 años religiosa e nunca deixou de comunicar os problemas que estavam ocorrendo, tanto nas comunidades onde vivia quanto em sua situação pessoal. A única ajuda que recebeu das superioras era mudá-la de comunidade, exigindo-lhe o mesmo esforço até que sua saúde física e psicológica entrou em colapso.

    Sua superiora provincial chegou a lhe dizer que poderia ajudá-la mais fora do que dentro (uma forma sutil de “jogar fora” uma pessoa que não é mais útil), a mesma superiora sabia que seria uma ajuda por dois meses, no máximo, e depois deixaria de atendê-la.

    Centenas de religiosas estao representadas em Mônica que adoeceram depois de muitos anos e isso continua a acontecer.

    Outra questão é a da Previdência Social (que será tratada mais adiante), somente aquelas que trabalham como professoras e se a lei do país obriga, caso contrário, nenhuma tem contribuições para a aposentadoria e, se no futuro vierem a precisar por causa de alguma doença, passarão pelo que as jovens estão passando hoje, terão de deixar a vida religiosa, pois a Congregação não tem os meios econômicos – ou não quer usá-los – para a saúde das irmãs.

    Mônica saiu sem ter concluído seus estudos secundários, pois foi recebida no noviciado sem tê-los concluído, ao contrário do que exige o Direito Canônico.

    E essa é a situação de muitas que, que ademais não contam tampouco com os pais vivos para ajudá-las, mas isso é algo que não preocupa às SSVM.

    Os editores deste blog consultaram outras Congregações, como os Franciscanos, os Redentoristas, os Oblatos etc., e perguntaram como lidam com os que saem. Todos responderam que os religiosos têm suas respetivas contribuições feitas e quando saem do Instituto, tentam ajudá-los a se inserir no mundo, seja com emprego, moradia etc. Embora não sejam obrigados pela lei canônica, são recomendados por caridade àqueles que deram parte de suas vidas à Congregação.

    No entanto, o IVE e as SSVM, com seus ex-membros, na melhor das hipóteses, enviam-lhes um envelope com alguma quantia, dois trapos como roupas e se souberem de alguma queixa, são tachados de ingratos.

    Talvez por essa e muitas outras razões, continuam sendo um Instituto de direito diocesano e nunca receberão a aprovação pontifícia, pois a intenção dos superiores é alimentar esse sistema fundamentalista criado por Buela. Mônica teve a coragem de se manifestar e denunciar os danos morais e psicológicos causados por eles, que, no caso dela, foram terríveis.

    Não sabemos como a consciência desses superiores lhes permitem continuar, causando mais danos a outras pessoas. Eles sabem que os membros saem num estdo de vulnerabilidade e indefesos, que não serão capazes de processar rapidamente o que aconteceu, levantar-se e contar a história.

    Quando a Santa Sé fará algo para impedi-los?

    Que haja justiça!

  • Finalmente a irmã Guadalupe anuncia sua saída definitiva das SSVM

    Finalmente a irmã Guadalupe anuncia sua saída definitiva das SSVM

    Em suas redes oficiais, a irmã Guadalupe (nome de leiga Ximena Rodrigo) anunciou em um comunicado que o Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará não renovou seu pedido de exclaustração por mais três anos, como fez ao fundar sua nova comunidade.

    Diante dessa situação, ela teve que tomar uma decisão: voltar para as Servidoras ou pedir a revogação de seus votos, o que significaria sua saída definitiva da Congregação.

    Optou, por tanto, abandonar as Servidoras. Assinou seu pedido de saída no dia 10 de fevereiro de 2024 para continuar com seu projeto religioso: “Os Nazarenos”. Ahora seu estado canônico dependerá da permissão do bispo ou do patriarca – devido ao seu relacionamento com o Patriarcado Sírio – para usar um hábito. Seus votos foram suspensos o que significa que agora seu estado é totalmente laical, embora, provavelmente mantenha seus votos de modo privado, e de repente

    utilize um hábito de sua própria criação.

    Mas quem é a irmã Guadalupe?

    A irmã Guadalupe tinha mais de 30 anos de vida religiosa nas Servidoras e grande parte da sua vida missionária foi vivida no Oriente Médio. Foi superiora provincial das SSVM para as missões do Oriente Médio durante 12 anos, juntamente com o Pe. Luis Montes IVE, também superior provincial. Juntos orientaram os religiosos e os superiores das comunidades do Oriente Médio.

    Infelizmente, nesses 12 anos em que a irmã Guadalupe foi superiora provincial não deixou boas lembranças nas religiosas que estiveram sob sua responsabilidade. Apesar de seu temperamento jovial e da sua boa oratória, durante seu período mais de 15 irmãs deixaram a vida religiosa. Muitas delas relataram que haviam contado a então Superiora Geral, Madre Maria Anima Christi, o que ocorria, como por exemplo:

    1) O comportamento questionável e a relação escandalosa com o padre Luis Montes, IVE.

    2) As doações recebidas de todo o mundo para os lares que tinham a cargo. e os desvios para gastos frívolos. Uma prática que será detalhada mais adiante.

    3) Sua conduta, marcada por frequentes viagens com esse padre que revelou uma notável negligência com as religiosas e as comunidades sob sua responsabilidade.

    Inúmeros testemunhos de religiosas que viveram na mesma missão levantaram sua voz à Roma, descrevendo como essa superiora fazia longas viagens na companhia do padre ou alugava apartamento com o pretexto de preparar reuniões de Capítulo, desaparecendo juntos. Contavam como esse padre exercia domínio dentro das comunidades, participando nas convivências com as religiosas e incentivando-as a beber álcool, fumar e até mesmo a se vestir de forma inadequada nas praias para passarem despercebidas, “dada a tensão da guerra”, dizia.

    Algumas freiras chegaram a flagrá-los juntos, testemunhando demonstrações de afeto entre eles, o que escandalizou a mais de uma. Isso causou tristeza entre as irmãs, que esperavam que Roma tomasse providências, mas foram orientadas a esperar pela próxima visita da madre geral à província.

    Em várias ocasiões também presenciaram como Guadalupe acostumava a fazer runiões e direção espiritual com o padre em seu quarto. Diante das crescentes queixas foi decidido que Guadalupe levasse uma noviça árabe como companheira, que, embora não entendesse bem o espanhol, percebeu os gestos de proximidade, as carícias e o fato de estarem sozinhos no quarto, um comportamento impróprio para os superiores.

    Em meio ao conflito e à crise no Oriente Médio, essa província das SSVM se destacou por receber ajudas financeiras consideráveis dos Estados Unidos, da Itália etc. As irmãs de outras comunidades foram instadas a doar parte de seus salários ou a praticar austeridade para ajudar essas missões consideradas mais necessitadas. Entretanto, apesar da taxa de câmbio favorável do dólar e da conclusão de algumas construções, houve pouca melhora na construção dos lares e na alimentação das famílias e das crianças.

    Não obstante, se gastava com aluguel de casas luxuosas para as férias das irmãs nas praias de A Dahab e Sharm El Sheik, com compras de uísques caros, cigarros e roupas especiais para não chamar a atenção, para evitar chocar as pessoas.

    Esse modo de vida estava se tornando cada vez mais visível, a própria Guadalupe contou durante suas visitas à Argentina quando explicava sobre sus missão.

    Destacava que nas comunidades do Oriente Médio havia uma vida religiosa mais fraterna, sem as diferenças comúns presentes em outras Congregações.

    por tanto, compartilhavam quase todas as atividades juntos, com o fim de elevar o ânimo entre os religiosos, dada a tensão da guerra. No entanto, pouco a pouco essa situação foi saindo do controle e a partir daí começaram a surgir as queixas por parte das religiosas

    A quantidade de gastos também começou a levantar suspeitas no mundo árabe com respeito as doações, um artigo foi publicado questionando a origem desses fundos.

    Por otro lado, muitas religiosas daquela época adoeceram de depressão e sentimentos de profunda solidão, quando ousaram falar sobre o que viram, mas foram ignoradas e até levadas a acreditar que estavam enlouquecendo ou sofrendo de estresse devido à situação de conflito.

    Mas finalmente, devido a inúmeras reclamações, a irmã Guadalupe foi removida de seu cargo de superiora provincial e enviada para a Síria, para uma pequena comunidade com apenas três religiosas. A partir de então, sofrendo com a situação na Síria, sua figura tornou-se notavelmente pública, atraindo a atenção da mídia internacional. Começou a viajar pelo mundo dando palestras sobre a guerra e sobre os mártires, acompanhada na maioria das vezes pelo seu mentor, o padre Luis Montes.

    De Hong Kong à América do Sul, viajavam pelo mundo dando palestras sobre a guerra e seus impactos. Sua crescente notoriedade não apenas atraiu doações, mas também despertou vocações.

    As SSVM no incio apoiava, apesar das críticas, e até um certo ponto,o seu trabalho de evangelização, fazendo “a vista gorda”, repetindo aquilo que dizem “se há frutos, são de Deus”.

    Ambos Institutos reconheceram que os frutos desse trabalho, como as doações e o reconhecimento das SSVM pela mídia, era uma prova da vontade de Deus e, portanto, era algo que deveria ser incentivado.

    Porém, tudo isso chegou a um ponto em que as mesmas superioras já não sabiam como controlar esses “frutos”, o que marcou uma mudança radical.

    O que as SSVM e o IVE fizeram diante dessa situação?

    Embora as SSVM tenham inicialmente incentivado e apoiado as muitas viagens e palestras da Irmã Guadalupe, começaram a ver como estava gradualmente trilhando seu caminho por conta própria e tornava-se cada vez mais difícil encontrar uma irmã disponível para acompanhá-la nas longas viagens, e com o número de freiras professas que estavam deixando as SSVM, isso se tornou um problema.

    Até que uma superiora tentou controlar suas viagens e ajustar seu comportamento, foi então que Guadalupe entrou em contato diretamente com a Superiora Geral e apresentou suas queixas e a decisão de fundar um Movimento religioso, logo depois solicitou uma exclaustração temporária de três anos.

    Enquanto isso, o IVE reagiu como de costume. Por meio de algumas figuras proeminentes para as SSVM, como os padres Gabriel Zapata, Fernando Vicchy e Pablo Rossi, que antes a elogiavam como exemplo, passaram a desqualificá-la.

    Esse comportamento é comum no Instituto, usando as informações da direção espiritual como um meio de enfraquecer os membros e julgar aqueles que pensam de forma diferente ou tentam sair do Instituto.

    Embora nem todos os sacerdotes ajam dessa forma, vários se aproveitam de tais situações com aqueles que não compartilham mais as mesmas ideias, sem ousar confrontá-los de frente ou contar toda a história, seguindo assim o exemplo do fundador. Sentem a necessidade de desacreditar aqueles que tentam deixar o instituto, mas, nesse caso, por se tratar de uma figura pública, tiveram que ser cuidadosos e garantir que tudo estivesse em ordem e que todos estivessem de acordo com a decisão de Guadalupe.

    Por exemplo, o mesmo Padre Gabriel Zapata, comentava às suas dirigidas que a Irmã que Guadalupe tinha problemas afetivos, insinuando que não era confiável e que estava se afastando do carisma,

    sem embargo, ele mesmo chegou a cumprimentá-la em público convidando-a a impartir palestras também aos seminaristas. Esse comportamento dos superiores causava confusão, pois internamente semeava desconfianças, mas externamente não confrontava a pessoa diretamente.

    Guadalupe e seu novo hábito

    A irmã Guadalupe optou por viver de forma independente, tornando-se sua própria superiora e organizando uma nova comunidade. Solicitou uma exclaustração por três anos para explorar essa nova experiência com os leigos. Isso a liberou da supervisão das SSVM, embora ela continuasse a se apresentar como freira da Congregação devido à sua exclaustração.

    Decidiu adotar também um novo hábito, seguindo o conselho inicial do fundador, o falecido Padre Carlos Miguel Buela, de que o hábito deveria ser vermelho em homenagem aos mártires. Guadalupe decidiu usar o mesmo modelo de hábito, mudando o escapulário e o véu para vermelho. seus seguidores leigos adotaram um manto vermelho, simbolizando a presença dos mártires em sua comunidade.

    Nessa nova aventura, ela foi acompanhado pelo padre Luis Montes, IVE, que se tornou o conselheiro espiritual da comunidade “Os Nazarenos”. Juntos, viajaram por diversos países do mundo dando palestras sobre o Oriente Médio.

    E em vista dessa situação, a Superiora Geral enviou um e-mail a todas as superioras para esclarecer que a iniciativa “Os Nazarenos” da irmã Guadalupe não era uma obra apoiada pela Congregação, que oraram por ela, mas seu projeto não estava relacionado ao Instituto, encerrando assim qualquer dúvida a respeito. Embora Guadalupe afirmasse que as SSVM a incentivava nesse novo caminho, a realidade interna era diferente, e suas ações foram vistas como uma traição ao Instituto.

    Agora finalizado seus três anos como freira exclaustrada, solicitou outra licença por mais três anos às SSVM, mas a resposta foi clara: tinha que escolher entre regressar definitivamente ou renunciar aos votos. Guadalupe optou pela renúncia, anunciando públicamente sua saída definitiva do Instituto.

    Apesar das decisões de Guadalupe, o Instituto nunca se responsabilizou pelas queixas das irmãs que viveram baixo seu governo anteriormente. Essas irmãs depois que saíram, também testemunharam os acontecimentos, mas foram silenciadas, o que apagou qualquer evidência do que realmente aconteceu durante aqueles anos de pressão missionária, escândalos e doenças entre as religiosas professas perpétuas.

    Além das reclamações sobre sua vida dupla e seu discurso, houve críticas à sua prática de dar hábitos a jovens árabes de forma precipitada, o que gerou vários problemas nas comunidades quando essas pessoas começaram a abandonar pouco tempo depois.

    Em suma, Guadalupe foi um dos primeiros frutos do IVE, do qual no inicio todos se orgulhavam, mas que depois pouco a pouco foi esquecida, agora

    o foco está em outras jovens vocações e no eterno ciclo de manipulação e destruição que se segue.

    Quando por fim deixarão de destruir vocações?

    Será que a verdade algum dia será defendida?

    Não está na hora de a Santa Sé proibir a entrada nessas duas congregações de uma só vez, simplesmente em espeito mínimo devido a qualquer ser humano?

    Comunicado da Irmã Guadalupe

    Prezados todos: Terminada a licença de três anos que, aconselhada por minhas superioras, que solicitei ao meu Instituto para acompanhar a experiência nascente do movimento Nazarenos, pedi uma prorrogação. Mas minhas superioras consideram que chegou a hora de tomar a decisão de seguir um caminho ou outro.

    Depois de rezar, decidi abraçar totalmente esse carisma para o qual me sinto chamada por Deus, como Mensageira Nazarena.

    É por isso que no dia 12 de dezembro – festa de Nossa Senhora de Guadalupe – pedi formalmente deixar meu amado Instituto, como alguém que deixa a casa paterna em lágrimas, mas ao mesmo tempo tomada pela emoção de formar uma nova família.

    No sábado, 10 de fevereiro, sob o patrocínio de Nossa Senhora, recebi o indulto de saída das mãos de minhas Irmãs, que me encorajaram fraternalmente a seguir em frente no cumprimento da vontade de Deus. Esse dia também se comemorava São José Sanchez del Río, um mártir cristeiro! E véspera da canonização de Mama Antula, uma leiga consagrada argentina. Confiei a eles essa importante etapa.

    Sou grata por tudo o que recebi durante esses anos e permanecerei espiritualmente unida à Família Religiosa do Verbo Encarnado que me formou e me preparou para essa nova missão.

    Recomendo-me a suas orações. Um abraço a todos!