“Não fui a única que sofri isso, aconteceu com mais seis religiosas”

Laura Campos, a heroína que decidiu relatar o sofrimento oculto de várias freiras abusadas pelo padre José María Corbelle.

Em um vídeo publicado recentemente no YouTube, relata calmamente as diferentes manipulações que ocorrem no Verbo Encarnado / Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, não apenas os casos de abuso sexual sofridos por algumas irmãs, mas também o que é mais terrível, a ocultação e a falta de empatia dos superiores a toda a desordem que ocorre dentro dessas paredes.

Sem ir mais longe, em resposta a estreia do vídeo, os sacerdotes do IVE em nosso país, consultando o Dr. Miguel Angel Fuentes sobre o que dizer, começou a circular entre os membros uma declaração escrita do mesmo: “Não semeie dúvidas”.aconselhando-os a “não encaminhar o vídeo e evitar assisti-lo”. A dúvida pode comprometer sua vocação, dizem eles. Aos leigos foram aconselhados a fazer a mesma coisa.

O comentário interno é: “Não duvidamos do que dizem, mas por que divulgar isso publicamente”.

Por quê?

Porque durante 30 anos, tanto o padre Carlos Buela, o padre Gonzalo Ruiz e as superioras sabiam do fato e ninguém fez nada.

Porque em 30 anos o padre abusador continua missionando pregando Exercícios Espirituais como se nada tivesse acontecido. Sem nenhuma advertencia! Será por sua amizade com o falecido Buela?

Porque já há uma denúncia em Roma e há mais vítimas dentro do convento e pode haver mais se isso não for interrompido,

porque existem outros tipos de manipulaçoes y abusos de consciência que também foram denunciados, como foi o caso de Mônica e

Porque, como no caso de Yamile, manipulada por seus diretores espirituais e vendo todos os tipos de abusos, tinha que ficar calada porque, diante de qualquer escândalo: “não devemos dizer nada, para o bem dos leigos“, “são leigos, não entenderão”, em suma, era calar-se pelo bem do Instituto.

O Instituto tornou-se mais importante do que Cristo, a caridade e a verdade. Defendem mais o Instituto do que o próprio Cristo (um Instituto que nem sequer é reconhecido pela Igreja como uma Congregação religiosa e, além disso, baixo intervenção vaticana).

No vídeo, Laura comenta sobre como as freiras são manipuladas pelos capelães que as instruem sobre o que dizer e como agir em qualquer situação que os comprometem. Como neste caso: assim que o vídeo foi divulgado, todos correram para o guru, padre Miguel Ángel Fuentes, e a resposta foi: “Não encaminhe, não assista… porque pode gerar dúvidas”, e todos os capelães começaram a repetir a mesma coisa. Um comportamento típico de uma seita.

O governo paralelo do IVE respondeu aos leigos que os questionaram sobre o vídeo com a frase: “essas não estão bem da cabeça”.Laura, por exemplo, foi Vigária Geral do Instituto, parte do Conselho Geral e Superiora por anos em diferentes missões, com um doutorado em bioética, e agora está louca?

O mesmo aconteceu com Monica (Piaghe), entrou saudável, era a vigária da comunidade (segunda no comando) em uma casa com mais de 120 crianças até que adoeceu com a sobrecarga física do trabalho que afetou seu estado anímico e psicologico. Enquanto estava saudável, cumpriu com seus deveres religiosos e com os cargos de autoridade que ocupava, mas quando ficou doente por causa do sistema abusivo e desumano do Instituto, o mesmo Instituto a convidou a deixar a vida religiosa.

Yamile, mesmo com todos os seus sofrimentos e dúvidas, trabalhou intensamente no Instituto, mesmo nos piores momentos de sua situação pessoal. Foi enviada para estudar em Roma, em Universidades Pontifícias (algumas são enviadas, uma forma de manter uma certa aparência), logo enviada como superiora para missões no Oriente Médio.

Todos as superioras, desde o início, conheciam seu caso, aproveitaram de sua força física, sua capacidade intelectual e sua liderança, sem preocupar-se com seus traumas passados. Quando não aguentou mais e foi embora, nem seuqera era lembrada como uma irma que entregou seu tempo e forças em missões mais difíceis.

Eu mesma ouvi da minhas superiora: “Coitada, tudo o que está fazendo por ressentimento!!!”, e outras frases como: “Que ingrata”!, “Agora fala mal da Congregação”, “Não respeita nem as irmãs que estão na Congregação”.

Que grande manipuladores são!

“Por fim, peço ao Dicastério para o Clero que faça uma investigação cuidadosa do padre José Corbelle. Para evitar estas situaçoes, pois durante 28 anos esses abusos foram encobertos, silenciados e temo que haja mais vítimas”, diz Laura no vídeo.

Ademais de expressar que esses abusos eram de natureza sexual, causando-lhe danos psicológicos e espirituais que ela sofreu durante anos.


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