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  • Os Exercícios Espirituais no IVE, uma forma de manipular as vocações

    Os Exercícios Espirituais no IVE, uma forma de manipular as vocações

    [Foto] No coração do Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM), Yamile, ex irmã Clemens e suas irmãs de sangue, antes religiosas, enfrentaram um sistema marcado por manipulações e abusos. Das cinco irmãs religiosas, só uma permanece até hoje.

    A ex-irmã Clemens, em seu testemunho em vídeo, com muita coragem e bravura, dá a conhecer os vários problemas vivenciados no IVE/SSVM, problemas que, com o tempo, se tornaram um modo de viver a vida religiosa.

    Yamile apresenta sua história de como os padres do IVE manipularam sua vocação desde o início e a manipulação que fazem com as outras vocações por meio dos Exercícios Espirituais.

    O IVE se vangloria de ser descendente de Santo Inácio nos Exercícios Espirituais, mas faz o oposto do que o santo pede. Por exemplo, o momento da Eleição Estado, o utilizam para induzir à vocação, fazendo com que todos vejam nos “Prós e Contras” um chamado à vida religiosa do qual não se pode fugir.

    De acordo com Santo Inácio, uma Eleição de Estado só pode ser feita em tempos de calma, serenidade e sem inclinar a alma para qualquer estado.

    Yamile estava saindo de um relacionamento de abusos, abortos e manipulaçoes por parte de seu noivo. Seus diretores espirituais, o teólogo moral do IVE, Padre Fuentes, e até mesmo o fundador conheciam sua história, mas a aconselharam a se entregar à vida religiosa como uma forma de purgar seus pecados e oferecê-los a Deus. Para uma pessoa que nem sequer havia curado suas feridas passadas?

    As SSVM a recebeu no noviciado e lhe impôs o hábito, mesmo sabendo que ela dias antes havia pedido deixar o noviciado. Foi enviada para fazer os Exercícios Espirituais, dessa vez por um mês inteiro em silêncio, sem que nenhum pregador e seu diretor espiritual pudessem interpretar o que Santo Inácio realmente ensina? Que para fazer oos EE é necessario ter boa disposição!

    Ou será que os padres pregam os Exercícios com o ensinamento do falecido Buela, que os usou como uma forma de recrutar vocações, a fim de aumentar o número de membros e, assim, evitar o fechamento do Instituto?

    Conhecemos outros casos de irmãs que estando deprimidas tinham de fazer os Exercícios Inacianos todos os anos. É isso mesmo que Santo Inácio e a Igreja estão pedindo?

    Poucos meses depois de entrar, Yamile adquiriu o hábito; em menos de um ano, os votos simples e depois os votos perpétuos. assim como ela, outras mais. Será que ninguém percebia que ela não estava apta a escolher qualquer vocação sem antes curar as feridas do passado? Yamile contou várias vezes e a diferentes padres sobre sua situação abusiva, tentando buscar ajuda, e a resposta foi o chamado de Deus para a vida religiosa. Isso mostra a falta de discernimento dos padres do IVE e o fim que eles buscam ao pregar os exercícios inacianos: ter mais “vocações”. Conhecida é a frase que repetem, “se há vocações, há frutos”.

    Nas Servidoras, houve mulheres com divórcios recentes que tiveram o hábito imposto em poucos meses, jovens que entraram com 17 anos, outras que vieram do aspirantado, onde entraram com 11 anos e foram levadas a pensar que, se estão lá, é porque Deus as escolheu. Essas meninas menores de idade também fazem os Exercícios Inacianos e recebem as mesmas pregações.

    No caso de Yamile, apesar de todas as más experiências passadas, ela obedecia, servia fielmente à Igreja sendo uma boa irmã religiosa. Foi nomeada superiora da comunidade de Gaza, mas nunca deixou de comunicar aos superiores as consequências que estava sofrendo, até que seu corpo expressou a dor de sua alma ecomeçou a adoecer.

    Até que finalmente um grande médico com bom senso, um homem de fé, descobriu que ela estava “morrendo” em uma vocação que não era a sua.

    Irmãs religiosas, missionárias no Oriente Médio: a primeira à direita é Yamile.
    Dessa foto, 8 religiosas de votos perpétuos deixaram o Instituto, abandonando a vida religiosa.

    Esta semana 3 religiosas de votos perpetuos na Argentina deixaram a vida religiosa. Uma com mais de 30 anos de vida religiosa, superiora na casa provincial e em várias outras comunidades

    Em diferentes partes do mundo, muitas estão deixando a vida religiosa, esta é uma informação que não deve ser dita, somente se informa quantas entram ao noviciado em cada país. Algumas, simplesmente nunca tiveram vocação, outras sim, mas devido a pressão e uma vida religiosa manipulada decidiram ir-se.

    O problema do IVE é manipular as palavras de Santo Inácio para seu próprio benefício, vendo vocações onde não tem. Yamile, longe de qualquer rancor e com grande serenidade, nos envia a carta que enviou na época ao Secretário para a Vida Consagrada sobre seu caso, na esperança de que outras jovens não passem pela mesma coisa e não cedam à manipulação de consciência.

    Que o IVE um dia pare de abusar dos santos Exercícios Inacianos para atrair vocações e causar os danos que vem causando!

    O vídeo do depoimento de Yamile Peralta pode ser encontrado aqui.

  • “Não fui a única que sofri isso, aconteceu com mais seis religiosas”

    “Não fui a única que sofri isso, aconteceu com mais seis religiosas”

    Laura Campos, a heroína que decidiu relatar o sofrimento oculto de várias freiras abusadas pelo padre José María Corbelle.

    Em um vídeo publicado recentemente no YouTube, relata calmamente as diferentes manipulações que ocorrem no Verbo Encarnado / Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, não apenas os casos de abuso sexual sofridos por algumas irmãs, mas também o que é mais terrível, a ocultação e a falta de empatia dos superiores a toda a desordem que ocorre dentro dessas paredes.

    Sem ir mais longe, em resposta a estreia do vídeo, os sacerdotes do IVE em nosso país, consultando o Dr. Miguel Angel Fuentes sobre o que dizer, começou a circular entre os membros uma declaração escrita do mesmo: “Não semeie dúvidas”.aconselhando-os a “não encaminhar o vídeo e evitar assisti-lo”. A dúvida pode comprometer sua vocação, dizem eles. Aos leigos foram aconselhados a fazer a mesma coisa.

    O comentário interno é: “Não duvidamos do que dizem, mas por que divulgar isso publicamente”.

    Por quê?

    Porque durante 30 anos, tanto o padre Carlos Buela, o padre Gonzalo Ruiz e as superioras sabiam do fato e ninguém fez nada.

    Porque em 30 anos o padre abusador continua missionando pregando Exercícios Espirituais como se nada tivesse acontecido. Sem nenhuma advertencia! Será por sua amizade com o falecido Buela?

    Porque já há uma denúncia em Roma e há mais vítimas dentro do convento e pode haver mais se isso não for interrompido,

    porque existem outros tipos de manipulaçoes y abusos de consciência que também foram denunciados, como foi o caso de Mônica e

    Porque, como no caso de Yamile, manipulada por seus diretores espirituais e vendo todos os tipos de abusos, tinha que ficar calada porque, diante de qualquer escândalo: “não devemos dizer nada, para o bem dos leigos“, “são leigos, não entenderão”, em suma, era calar-se pelo bem do Instituto.

    O Instituto tornou-se mais importante do que Cristo, a caridade e a verdade. Defendem mais o Instituto do que o próprio Cristo (um Instituto que nem sequer é reconhecido pela Igreja como uma Congregação religiosa e, além disso, baixo intervenção vaticana).

    No vídeo, Laura comenta sobre como as freiras são manipuladas pelos capelães que as instruem sobre o que dizer e como agir em qualquer situação que os comprometem. Como neste caso: assim que o vídeo foi divulgado, todos correram para o guru, padre Miguel Ángel Fuentes, e a resposta foi: “Não encaminhe, não assista… porque pode gerar dúvidas”, e todos os capelães começaram a repetir a mesma coisa. Um comportamento típico de uma seita.

    O governo paralelo do IVE respondeu aos leigos que os questionaram sobre o vídeo com a frase: “essas não estão bem da cabeça”.Laura, por exemplo, foi Vigária Geral do Instituto, parte do Conselho Geral e Superiora por anos em diferentes missões, com um doutorado em bioética, e agora está louca?

    O mesmo aconteceu com Monica (Piaghe), entrou saudável, era a vigária da comunidade (segunda no comando) em uma casa com mais de 120 crianças até que adoeceu com a sobrecarga física do trabalho que afetou seu estado anímico e psicologico. Enquanto estava saudável, cumpriu com seus deveres religiosos e com os cargos de autoridade que ocupava, mas quando ficou doente por causa do sistema abusivo e desumano do Instituto, o mesmo Instituto a convidou a deixar a vida religiosa.

    Yamile, mesmo com todos os seus sofrimentos e dúvidas, trabalhou intensamente no Instituto, mesmo nos piores momentos de sua situação pessoal. Foi enviada para estudar em Roma, em Universidades Pontifícias (algumas são enviadas, uma forma de manter uma certa aparência), logo enviada como superiora para missões no Oriente Médio.

    Todos as superioras, desde o início, conheciam seu caso, aproveitaram de sua força física, sua capacidade intelectual e sua liderança, sem preocupar-se com seus traumas passados. Quando não aguentou mais e foi embora, nem seuqera era lembrada como uma irma que entregou seu tempo e forças em missões mais difíceis.

    Eu mesma ouvi da minhas superiora: “Coitada, tudo o que está fazendo por ressentimento!!!”, e outras frases como: “Que ingrata”!, “Agora fala mal da Congregação”, “Não respeita nem as irmãs que estão na Congregação”.

    Que grande manipuladores são!

    “Por fim, peço ao Dicastério para o Clero que faça uma investigação cuidadosa do padre José Corbelle. Para evitar estas situaçoes, pois durante 28 anos esses abusos foram encobertos, silenciados e temo que haja mais vítimas”, diz Laura no vídeo.

    Ademais de expressar que esses abusos eram de natureza sexual, causando-lhe danos psicológicos e espirituais que ela sofreu durante anos.

  • “Solicito ao Dicastério para o Clero que investigue o padre José María Corbelle por abuso sexual contra mim e outras religiosas”.

    “Solicito ao Dicastério para o Clero que investigue o padre José María Corbelle por abuso sexual contra mim e outras religiosas”.

    Desde há um tempo, o Vaticano enviou religiosas como Visitadoras Apostólicas ao Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, devido as contínuas denúncias sobre muitas irregularidades que foram encubertas ao longo dos anos dentro dos muros do convento: abusos psicológicos, manipulações, abandono de pessoa e abuso sexual.

    São centenas as religiosas que abandonaram a vida religiosa nesta Ordem, a grande maioria com mais de 25/30 anos de vida consagrada. Hoje muitas destas irmãs estão dispostas a não mais permanecer caladas e a enfrentar com a verdade o que realmente se vive no ramo feminino da “Família” do Verbo Encarnado.

    Dos muitos testemunhos que chegaram à nossa redação, hoje compartilharemos o testemunho de 4 ex-servidoras, que com muita dor se dispõem a contar a dura realidade do que viveram no seu interior. Entraram como tantas outras com grandes desejos de santidade e de serviço, mas a realidade que viviam era bem diferente. Hoje é apresentado o testemunho de algumas delas, todas de votos perpétuos. Uma delas chegou a fazer parte do Conselho Geral de Roma, outras, também missionárias, decidiram não ficar mais caladas para que mais pessoas não fossem prejudicadas.

    Yamile Peralta (ex-irmã María Clemens)

    17 anos de vida religiosa, missionária no Oriente Médio, foi superiora das Servidoras na Faixa de Gaza. Ela nos conta sua história vocacional dentro das SSVM, a manipulação em sua vocação religiosa e as tristes consequências em sua vida. Era a mais velha das 5 irmãs religiosas, irmãs de sangue, que também ingressaram na mesma congregação e que, após muitos anos de vida religiosa, foram abandonando gradativamente o convento, apenas uma atualmente segue. Yamile nos explica as manipulações dos diretores espirituais e as consequências que ela teve que sofrer durante esses 17 anos dentro das Servidoras.

    Laura Campo (ex-Irmã María del Milagro)

    Laura, com mais de 30 anos de vida religiosa, teve que se afastar da Congregação, sofreu abusos sexuais por parte de um padre do IVE (reitor do seminário maior na época) ao ingressar no Instituto Sua história é comovente. Conta a manipulação que foi feita em seu caso para silenciar a verdade e como testemunhou o sofrimento de outras religiosas que também foram abusadas por esse padre. Laura tem uma vasta experiência na congregação desde que fez parte do governo geral e foi superiora de muitas comunidades. Hoje nos conta toda a verdade dentro dos muros das Servidoras e revela os responsáveis ​​pelo encobrimento dos abusos.

    Mónica Cobos (ex-Irmã María delle Piaghe di Gesu)

    Mónica entrou com 18 anos e saiu com 41 anos Sem estudos básicos, sem contribuições aportadas para uma futura aposentadoria, sem onde morar e doente. Uma enfermidade devida ao estresse sofrido dentro da congregação. No início as servidoras cuidavam de um orfanato com mais de 120 crianças (em San Rafael, Argentina), atendidos por 10 religiosas, onde Piaghe era a vigária (segunda encarregada depois da superiora), dedicou toda a sua saúde em diversos trabalhos, conta também as diversas situações pelas quais passou, dos problemas que enfrentava, tanto ela como no mesmo apostolado; as inúmeras vezes que comunicou à superiora todas essas situações, mas que nunca houveram mudanças. Hoje, as superioras negam qualquer tipo de ajuda, assim como negam também à maioria das que vão embora. Mónica abre o coração e expressa tudo o que fizeram ela viver durante mais de 20 anos.

    Kelly Sue Fitzharris (ex-Irmã Maria Lumen)

    Kelly, uma americana que entrou para as SSVM nos Estados Unidos e logo foi nomeada superiora em uma comunidade no Harlem, Nova York. A superiora provincial designou para sua comunidade uma irmã religiosa de votos perpétuos que estava doente psiquiatricamente e a proibiu de contar às outras irmãs seu estado de saúde; isso desencadeou uma situação de desordem e mal-entendidos dentro da comunidade.

    A ex-superiora M. Lumen acabou, entao, sofrendo um colapso em seu sistema nervoso e decidiu sair. Uma história dura de uma vida religiosa acelerada, superficial e levada ao estresse.

  • Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 3 – Apêndice 2 – Direito interno

    Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 3 – Apêndice 2 – Direito interno

    Para ver a parte 1 (Carta do Cardeal) e a parte 2 (Anexo 1 – Reunião do Conselho Geral do IVE)

    Sem entrar nas distinções entre abuso de consciência, abuso de poder e abuso espiritual, visto da perspectiva do perpetrador, o abuso espiritual é uma clara distorção de seu papel apropriado, que é a salvação das pessoas por meio de seu cuidado. Apropriar-se indevidamente da autoridade divina para usá-la para fins ilegítimos é uma forma de personificação. O caráter absoluto da autoridade suplantada, a divina, torna isso uma forma particularmente grave de violação do cargo concedido. Este não é o lugar para desenvolver uma teologia da mediação, mas está claro que usurpar o lugar de Deus é uma clara transgressão dos limites de qualquer mediação humana da autoridade divina.

    O abuso espiritual pode ser definido como “uma forma de abuso emocional e psicológico. Caracteriza-se por um padrão sistemático de comportamento coercitivo e controlador em um contexto religioso. O abuso espiritual pode ter um impacto profundamente prejudicial nas pessoas que o sofrem. Esse abuso pode incluir: manipulação e exploração, responsabilização forçada, censura da tomada de decisões, exigências de sigilo e silêncio, coerção para se conformar, controle por meio do uso de textos ou ensinamentos sagrados, exigências de obediência ao abusador, a suposição de que o abusador tem uma posição ‘divina’, isolamento como forma de punição, superioridade e elitismo”.

    Além do que foi indicado em relação aos religiosos e às religiosas, dado que continuam a chegar reclamações a esse respeito, especialmente por parte dos formandos, é necessário lembrar mais uma vez a todos os religiosos, especialmente aos Superiores, algumas das normas que se referem à jurisdição interna e à obrigação de não confundir jurisdição interna e externa:

    1. Pode. 630 §1: Os superiores concederão aos membros a devida liberdade de direção espiritual, sem prejuízo da disciplina do Instituto. A liberdade dos religiosos em termos de direção espiritual e confissão é fundamental. Os superiores não podem impedir, mas devem reconhecer e proteger positivamente esse direito dos religiosos. No que diz respeito a essa liberdade, o único limite, a fim de organizar as coisas de maneira ordenada e evitar possíveis abusos, é a disciplina do Instituto. Não se pode impor a ninguém um confessor ou diretor espiritual específico.
    2. Pode. 630 §3: Em mosteiros de freiras, casas de formação e comunidades leigas maiores, deve haver confessores ordinários aprovados pelo Ordinário local, depois de uma troca de opiniões com a comunidade, mas sem impor a obrigação de ir até eles. A obrigação do Superior é que os confessores estejam disponíveis, mas eles não podem forçar os religiosos a se dirigirem a eles. Além disso, como o Instituto do Verbo Encarnado é um Instituto religioso clerical de direito diocesano, a nomeação de confessores para as casas de formação (seminário menor, noviciado, seminário maior…), mesmo que o confessor seja membro do IVE, é responsabilidade do Ordinário local, não do Superior maior do Instituto (cf. cân. 968 §2 e 969 §2).
    3. Pode. 630 §4. Os superiores não devem ouvir as confissões de seus súditos, a menos que estes o solicitem espontaneamente. Não é coincidência que, ao se referir à mediação da autoridade do superior religioso, a expressão “vices gerentes Dei”, isto é, governar no lugar de Deus (cf. can. 601) 2. Deve-se notar, entretanto, que essa expressão se limita à esfera da obediência religiosa, que não é, no sentido próprio, uma obediência da consciência, mas apenas da vontade. Isso quer dizer que se deve obedecer, dentro de um escopo restrito, às disposições dos regulamentos do instituto religioso, não porque em consciência se considere que esse seja o melhor curso de ação, mas porque o superior é o intérprete autêntico desses regulamentos. A extensão do conceito de obediência religiosa para além da esfera daqueles obrigados por voto a obedecer é certamente ilegítima, o que não quer dizer que a ignorância dos fiéis nesse assunto não seja explorada para ultrapassar os limites da autoridade. Entretanto, como envolve uma forma inadequada de exercício de autoridade, isso seria um abuso de poder.
    4. Pode. 630 §5. Os membros devem se dirigir com confiança aos seus Superiores, a quem podem abrir o coração livre e espontaneamente. No entanto, os superiores estão proibidos de induzir os membros de qualquer forma a manifestar sua consciência a eles. O abuso de consciência é inerentemente interno, ou seja, fora de uma relação de autoridade formal entre a vítima e o agressor. A Igreja tem plena consciência desse perigo, e é por isso que estabelece a chamada distinção dos poderes, ou seja, impede o exercício simultâneo do poder de governo e do poder sacramental ou espiritual sobre a mesma pessoa. Certamente é possível, vale lembrar mais uma vez, usar a autoridade para obrigar a ação contra a consciência ou para coagi-la, mas, nesse caso, trata-se principalmente de uma forma de abuso de poder, uma vez que a autoridade está agindo além de seus poderes. Por definição, a autoridade não pode ser exercida no âmbito da consciência, mas apenas externamente. Em outras palavras, é característico do abuso de consciência ocorrer em um relacionamento de cuidado e assimétrico, em que uma pessoa voluntariamente abre sua consciência para outra a fim de receber ajuda, e não em um relacionamento de autoridade. Por essa razão, a Igreja estipula no Código de Direito Canônico que, em comunidades religiosas ou similares, os superiores não devem, de forma alguma, induzir seus súditos a se confessarem a eles ou a manifestarem sua consciência a eles fora da confissão. O abuso espiritual e o abuso de consciência comprometem a confiança, que é um pressuposto do relacionamento de autoridade em um contexto religioso ou de um relacionamento de cuidado.
    5. Pode. 239 §2. Em todo seminário deve haver pelo menos um diretor espiritual, mas os alunos podem recorrer a outros sacerdotes que tenham sido nomeados pelo bispo para essa função.
    6. Pode. 240 §1. Além dos confessores comuns, outros confessores frequentam regularmente o seminário; e, sujeitos à disciplina do estabelecimento, os alunos também podem sempre se dirigir a qualquer confessor, seja no seminário ou fora dele.
    7. Can 240 §2: Nunca em A opinião do diretor espiritual ou dos confessores nunca pode ser confessores quando for necessário tomar uma decisão sobre a admissão de estudantes às ordens ou sobre sua saída do seminário. Isso é óbvio não só a partir de uma norma jurídica, mas também de uma norma sacramental-ética: na admissão às Ordens Sagradas, também por analogia na admissão à profissão religiosa, bem como na possível demissão do seminário (ou do Instituto), é absolutamente proibido pedir a opinião dos confessores e diretores espirituais a esse respeito.
    8. Pode. 1378 §1. Quem, além dos casos já previstos em lei, abusar do poder eclesiástico, cargo ou ofício, deve ser punido de acordo com a gravidade do ato ou omissão, sem excluir a privação do cargo ou ofício, permanecendo firme a obrigação de reparar o dano. É verdade que não há tipificação de abuso de consciência no direito canônico, mas muitas vezes se recorre a ele. 1378 para sancioná-lo.
    9. Pode. 1378 §2. Quem, por negligência culposa, praticar ou omitir ilegitimamente um ato de autoridade eclesiástica, de ofício ou de ofício, com prejuízo ou escândalo de outrem, deve ser punido com prisão.r punido com uma pena justa de acordo com o c. 1336, §§ 2-4, mantendo-se firme a obrigação de reparar o dano.4.

    Catecismo da Igreja Católica, n. 2690: “O Espírito Santo concede a alguns fiéis os dons da sabedoria, da Je e de discernimento direcionado para esse bem comum que é a oração {direção espiritual). Aqueles que foram agraciados com tais dons são verdadeiros servos da tradição viva da oração: Portanto, a alma que deseja avançar na perfeição, de acordo com o conselho de São João da Cruz, deve “olhar para cujo porque, seja qual for o professor, tal será o discípulo, e que o pai, tão em filho”. E acrescenta que o diretor: “além de ser sábio e discreto, deve ser experiente. […] Se não existe experiência do que é o espírito puro e verdadeiro, ele não será capaz de direcionar o em alma nele, quando Deus Jo é dado, nem mesmo Jo entenderá” (Flame of living love [Chama do amor vivo]), segunda redação, estrofe 3, declaração, 30). O abuso de consciência também é grave, pois entrar nesse tabernáculo5 exige uma prudência especial. Portanto, a Igreja ensina que esse serviço requer competências específicas que devem ser especialmente reconhecidas. Por essa razão, a cura animarum, por meio do ofício de pároco ou de acompanhante espiritual, constitui um ofício que deve ser reconhecido pela autoridade eclesiástica (cân. 239 §2; 521 e 630). O abuso de consciência por parte dessas pessoas batizadas – especialmente constituídas para essas relações de cuidado – afeta a credibilidade das mediações eclesiais, além de prejudicar a integridade psicológica – às vezes física – das vítimas.

  • Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 2 – Anexo 1 – Reunião do Conselho Geral do IVE

    Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 2 – Anexo 1 – Reunião do Conselho Geral do IVE

    Para ver a parte 1 (Carta do Cardeal) e a parte 3 (Anexo 2 – Direito Interno)

    Devido à importância dos tópicos discutidos e das decisões tomadas, informamos a todos os religiosos do Instituto do Verbo Encarnado as decisões tomadas em nossa reunião do Conselho Geral no dia 4 de dezembro:

    1) Modificação das províncias.

    O Comissário Pontifício, com o consentimento de seu Conselho, procedeu à incorporação por fusão (cân. 581) das Províncias de Nossa Senhora de El Cisne (Equador) e Nossa Senhora de Chapi (Peru-Bolívia) à Província de Nossa Senhora Aparecida (Brasil).

    A reflexão e a tomada de decisões sobre a modificação das outras províncias continuam.

    2) Nomeação dos Superiores Provinciais.

    O Comissário Pontifício, com o consentimento de seu Conselho, nomeou o

    • P. Andrew Whiting, Superior Provincial da Província da Imaculada Conceição.
    • P. Alfredo Alós, Superior Provincial da Província de Nossa Senhora de Luján.
    • P. Carlos Gonçalves, Superior Provincial da nova Província de Nossa Senhora Aparecida.

    O mandato dos novos Superiores Provinciais terá início em 1º de janeiro de 2024; a Profissão de Fé (cân. 833, 8°) será feita perante os Bispos diocesanos das sedes provinciais.

    3. Procedimento para a eleição dos Conselheiros Provinciais.

    Para as Províncias da Imaculada Conceição e Nossa Senhora de Luján, serão seguidas as normas aprovadas pelo Dicastério em 30 de outubro passado:

    1. A Assembleia Provincial elegerá quatro consultores e dois suplentes.
    2. Para o Vigário Provincial, são necessários pelo menos 10 anos de profissão perpétua no Instituto; para os outros Conselheiros, são suficientes 7 anos de profissão perpétua. No caso de um dos eleitos não cumprir o requisito, o Comissário Pontifício com seu Conselho, se julgar apropriado, poderá conceder a dispensa correspondente.
    3. Os eleitos devem ser membros incardinados na província. Entende-se, por incardinados, aqueles que constam nas listas enviadas pelos Superiores Provinciais ao Comissário Pontifício em julho/agosto de 2022.
    4. O primeiro Conselheiro a ser eleito ocupará o cargo de Vigário Provincial.
    5. Pelo menos dois dos quatro Conselheiros não devem ter sido Conselheiros no mandato anterior.
    6. O Secretário Provincial e o Tesoureiro Provincial serão eleitos diretamente pelo Superior Provincial dentre os quatro Conselheiros.
    7. Após a realização das eleições, essas deverão ser imediatamente comunicadas ao Comissário

    Pontifício. Os conselheiros provinciais eleitos não podem iniciar seu cargo até que tenham sido confirmados pelo Comissário Pontifício.

    No caso da Província de Nossa Senhora Aparecida, como resultado da união de três Províncias, foi aprovado solicitar ao Dicastério competente a permissão para proceder à eleição dos Conselheiros para essa Província da seguinte maneira:

    1. O Vigário Provincial será eleito diretamente pelo Superior Provincial.
    2. Os outros três Conselheiros e seus substitutos serão eleitos, um para cada uma das antigas Províncias, em Assembléias a serem convocadas oportunamente pelo Superior Provincial.
    3. As outras normas serão aquelas já aprovadas pelo Dicastério em 30 de outubro para as outras Províncias.

    4. Sites, blogs, redes sociais (instagram, facebook, etc.).

    Essa é uma questão muito delicada e foi objeto de comentários várias vezes em nossas reuniões do Conselho. A proliferação de sites, blogs e redes sociais, direta ou indiretamente relacionados ao IVE, por meio dos quais, muitas vezes de forma anônima, são expressos todos os tipos de opiniões, que muitas vezes deixam muito a desejar. A situação se torna mais grave porque essas páginas servem como informação, formação e doutrinação para os religiosos e leigos da família do Verbo Encarnado. Um ponto muito específico, mas que nos dá clareza sobre a forma como essas páginas agem, é o fato de que não há referência em nenhuma delas ao fato de que o IVE está sob o governo de um Comissário Pontifício há mais de quatro anos, por decisão do Papa Francisco.

    Quero lembrar a todos, especialmente aqueles que têm responsabilidade pelo trabalho do governo, os Superiores Provinciais e Locais, de sua responsabilidade de conhecer e controlar essas páginas e aqueles que estão por trás delas e, em qualquer caso, lembrar da obrigação que o cân. 832 estabelece: Os membros dos institutos religiosos, para poderem editar escritos atinentes a questões de religião ou moral, necessitam também de licença do Superior maior segundo as normas das constituições.

    5. Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará.

    O Diretório de Governo do Instituto do Verbo Encarnado, em seus números 232-238, indica quem está encarregado de “vigiar” o Ramo Feminino: em nível de Congregação, o Padre Espiritual; em cada Província, o Conselheiro Espiritual; em cada Casa Local, o Conselheiro Espiritual . Esses religiosos têm um papel consultivo e cabe a eles formar, orientar, ensinar, dar critérios de discernimento, etc. às religiosas. Seu papel na formação das religiosas e no desenvolvimento espiritual das comunidades é muito importante. Deverão aconselhar com autoridade. Seus discernimentos não devem ser duvidosos e seus conselhos não são quaisquer conselhos, mas conselhos qualificados.

    Sendo um Instituto religioso distinto e autônomo, esse tipo de intervenção não parece prudente ou apropriado, especialmente neste momento em que o Instituto das Servidoras está sofrendo uma intervenção da Santa Sé por meio de uma Visita Apostólica; devemos evitar ser um obstáculo e uma interferência para o bom desenvolvimento da Visita Apostólica e dos objetivos que esta deve alcançar.

    Consequentemente, tendo obtido o consentimento do meu Conselho, e tendo ouvido a Visitadora Apostólica, a partir de agora, cessam automaticamente em seus cargos e funções, de modo que se proíbe fazer novas nomeações: o Padre Espiritual, os Asessores Espirituais, os Conselheiros Espirituais, os Capelães, os Confessores e outras nomeações em relação ao Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará.

    No que diz respeito à nomeação de confessores (cân. 630) e capelães (cân. 565), os religiosos devem seguir o que é indicado pelo direito comum: a nomeação de confessores e capelães deve ser feita pelo Bispo diocesano, não pelos Superiores do Instituto do Verbo Encarnado, e aos membros deve ser dada sempre a devida liberdade com relação ao sacramento da penitência e à direção espiritual (cân. 630 §1).

  • Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 1 – Carta ao IVE.

    Carta do Card. Santos Abril, Comissário Pontifício e Superior Geral do IVE (dezembro de 2023) – 1 – Carta ao IVE.

    Para ver a Parte 2 (Anexo 1 – Reunião do Conselho Geral do IVE) e a Parte 3 (Anexo 2 – Foro Interno)

    Roma, 18 de dezembro de 2023.

    Prot. IVE 426/2023

    Chegou o “sim” das promessas, a aliança foi poderosamente cumprida, a Palavra eterna dos céus uniu-se à nossa debilidade. Mistério que só a fé alcança, Maria é o novo templo de glória, orvalho da manhã, nuvem passageira, nova luz em presença misteriosa.

    (Hino da Liturgia das Horas)

    A celebração do Advento nos dá a oportunidade de nos concentrarmos na preparação para o maravilhoso mistério da Encarnação, ou seja, que Deus se faça homem, nascendo em nosso mundo e em nossa história na pessoa de Jesus de Nazaré, para que possamos participar de sua vida divina.

    Nas circunstâncias atuais, não podemos deixar de lembrar da terra e da cidade em que Jesus nasceu e viveu e que, neste momento da história, estão passando por sofrimentos e destruições intoleráveis por causa da guerra. No entanto, essa é a terra e o povo que Deus escolheu para que Jesus nascesse e vivesse sua vida humana como o “Príncipe da Paz”; Também não podemos esquecer as guerras em andamento e outros conflitos violentos que causam sofrimento e destruição incalculáveis a pessoas, propriedades e natureza em outras partes do mundo, como Ucrânia, Iêmen, Síria, Líbia, Afeganistão, Sudão, Haiti… para citar apenas alguns. Como o Papa Francisco nos lembra com frequência, estamos vivendo uma guerra mundial em pedaços.

    Que o “Vem, Senhor Jesus”, que nos acompanha durante todo o Advento, seja nossa simples oração de fé durante essa época santa e alegre, ao prepararmos nossa vida e nosso coração para receber nosso Salvador, Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. No Angelus da recente celebração de Cristo Rei, o Papa Francisco disse que “...a oração é a força da paz que quebra a espiral do ódio, rompe o ciclo da vingança e abre caminhos inesperados de reconciliação”.

    Juntamente com meu Conselho, unimo-nos a todos vocês nesta confiante oração e súplica: Venha, Senhor Jesus! Oração que se aproxima de todos os religiosos do Instituto do Verbo Encarnado que, na Ucrânia, na Terra Santa e em outros lugares, estão experimentando o horror da guerra e outras calamidades.

    Que cada um de nós examine também o próprio coração e ore: “Venha, Senhor Jesus, molde meu coração, para que ele seja um sinal e um instrumento de sua paz”.

    Desejamos a todos vocês um Feliz Natal e um Feliz e Santo Ano Novo de 2024.

    Cardeal Santos Abril y Castelló

    Comissário Pontifício para o IVE

  • A Igreja rejeita um recurso apresentado pelo IVE contra o Cardeal Santos Abril y Castelló

    A Igreja rejeita um recurso apresentado pelo IVE contra o Cardeal Santos Abril y Castelló

    A casta carismática do Instituto do Verbo Encarnado se recusa a obedecer ao governo de seu novo Superior Geral. A Igreja toma medidas a respeito.

    O Cardeal Santos Abril y Castelló,atual Superior Geral do Instituto do Verbo Encarnado enviou um extenso comunicado, datado de 21 de novembro de 2023, explicando a todos os membros as decisões a serem tomadas para ajudar o IVE a ordenar todo o que foi encoberto pelo fundador e pela “casta Iveísta”.

    Na carta enviada, que o leitor pode ler abaixo, destacamos apenas a atitude rebelde do IVE e a falta de obediência que é transmitida aos demais; um grupo de superiores provinciais negacionistas que insiste em não obedecer ao que o novo conselho geral do Instituto lhes pede. Não obedecem e criticam, chegando a zombar imitando ao Cardeal como vimos no vídeo do provincial da Argentina.

    O padre Francisco Liporace (também conhecido como “Franco”), provincial do Instituto do Verbo Encarnado para o norte da Europa, apresentou um recurso ao Comissário e ao Dicastério solicitando que as decisões do Comissário fossem anuladas.

    Lembremos que o IVE, sem a autorização do comissário, começou a fundar casas a partir de 2019, algumas contando com apenas um membro, tentando desta maneira expandir o máximo possível. Obviamente, contrário às Constituições e sem a autorização de seu atual Superior Geral, o Comissário Pontifício. O cardeal ordenou o fechamento dessas novas fundações.

    A casta que sempre comandou o IVE e que quer continuar sendo um governo sombra, rejeitou essa ordem por meio da figura do padre Franco Liporace, companheiro de seminario dos padres Gustavo Nieto, Ricardo Clarey, Diego Pombo, etc., (e próximo ao cardeal McCarrick, com quem foi responsável pelo ministério hispânico na Arquidiocese de Washington, EUA). Digamos que, Liporace, não é um novato, senão um membro mais da “casta intocável”. Foi enviado a levantar sua voz em nome de todos, mas não recebeu a resposta que esperava.

    Recebeu como resposta do Dicastério que, o Comissário é o Superior Geral e tem todas as faculdades para atuar, que o direito canônico o apoia e que, por favor, obedeçam e colaborem!

    Outra correção por parte da Igreja às contínuas desobediências desse grupo de superiores que agem mais como uma seita que uma Ordem religiosa. Esse pequeno grupo liderado por cerca de 20“manipuladores”que atuam contrariando o que ensinam aos seus súditos sobre o “Sentir com a Igreja”.

    No mesmo comunicado, o cardeal também fala sobre:

    • Reorganizar as províncias e unificá-las (o Instituto do Verbo Encarnado chama de “províncias” o agrupamentos de casas que, em qualquer congregação religiosa normal, não constituiriam uma província).
    • Revisar os tempos de formação; de fato, eles não têm um tempo estipulado para o postulantado; aqueles que entram dentro de meses ou mesmo dias recebem a batina.
    • O Cardeal também observou na carta que, embora ingressem haja muitos membros, há muitas desistências e os membros estão sobrecarregados de trabalho.
    • Foi decidido que, a partir de agora, os seminaristas do seminário de Montefiascone, na Itália, terão que fazer sua formação filosófica e teológica no seminário diocesano de Viterbo para poderem ser ordenados. E isso continuará a ser implementado em outras partes do mundo.

    Em breve, o Cardeal e seu conselho anunciarão os novos provinciais e delegados do IVE, que ajudarão no crescimento e na mudança que o IVE precisa fazer para se afastar de sua tendência de silenciar os abusos.

    Finalmente, ainda que o cardeal tente impor limites, não sabemos se a árvore torta poderá ser endireitada.

  • O que realmente aconteceu no convento

    O que realmente aconteceu no convento

    Publicamos aqui uma tradução do artigo publicado por Kelly Sue Fitz (ex-Madre Lumen) em seu blog, originalmente em inglês. Obrigado, Kelly Sue, por permitir-nos publicá-lo aqui.

    Nos últimos meses, estive imersa no “trabalho de sombra” e percebi que, mesmo quando você acha que já superou tudo, sempre há algo mais a ser superado. E esse algo para mim foi o tempo em que passei no convento.

    Até o momento, acho que nunca dei voz suficiente à verdadeira injustiça e ao quadro completo de negligência e disfunção que vivenciei e que é vivenciado lá.

    E, embora eu tenha escrito blogs, feito vídeos e até mesmo escrito uma carta pública de 3 páginas para a minha antiga Congregação em 2015, raramente publiquei os detalhes brutos e cruéis, talvez por tentar ser um pouco respeitosa, suponho, obedecendo ao arquétipo de “boa menina” que ainda vive em mim.

    Devo dizer que muitas vezes é difícil responder à pergunta: “Por que você deixou o convento?”, elaborar uma resposta elevada, dependendo para quem não é possível, então geralmente conto uma versão abreviada e digerível, mas uma ex-irmã, uma vez, me lembrou da importância de não minimizar o acontecido, especialmente para mim mesma. Então, aqui estou eu tentando canalizar a guerreira e a bruxa que mora dentro de mim para fazer um relato mais completo do que aconteceu. Além disso, percebi ao longo desses anos que, ao tentar me conter, meu testemunho não foi suficientemente visível e validado.

    Parte de “minha sombra” com a que eu tenho trabalhado recentemente é o peso que carrego em torno a mim por ser considerada uma “preguiçosa”, pois não consigo conceber a ideia de trabalhar em tempo integral nunca mais, e não o faço desde 2019, mas será que se o mundo soubesse o que eu passei em apenas alguns anos, mas de forma intensa, meu desejo de nunca mais trabalhar em tempo integral seria validado?

    Parte do meu “trabalho de sombra” é justamente assumir essa “sombra” e poder sair dela, uma tentativa de deixar aquela sombra de menina preguiçosa, mas sei que isso é apenas uma parte de mim, pois há outra parte que sabe que há um ritmo natural em cada um de nós que também deve ser buscado, reconhecido e obedecido.

    A semanas de trabalho de mais de 40 horas podem ser consideradas ridículas para qualquer ser humano, se considerarmos que também devemos desfrutar de nossos entes queridos, cultivar dons, nutrir a natureza etc. e não estar apenas sentado horas en frente ao computador, preocupado-se em ganhar dinheiro para continuar sobrevivendo, mas, infelizmente, vivemos em 2023 e, para a maioria de nós, é uma constante batalha o fato de sobreviver e ter tempo para fazer coisas que amamos com as pessoas que amamos.

    De qualquer forma, este texto também servirá como um chamado às SSVM (novamente) e poder assim validar o meu eu mais jovem que, naquela época, precisava de alguém que lutasse por ela, mas não tinha ninguém.

    Convento de ST Paul, ca. 2009

    Esta será minha melhor tentativa de fazer uma lista desses anos de “shitshow”:

    – Aos 26 anos, fui nomeada Madre Superiora do convento em East Harlem, Nova York, era a mais jovem daquela comunidade, tanto em idade quanto em vida religiosa, sem ainda ter feito os votos perpétuos. Faziamos apostolado em uma gigantesca paróquia bilíngue.

    – Depois de um ano, foi enviada à minha comunidade uma irmã que havia sido diagnosticada com transtorno de personalidade limítrofe. Era argentina, tinha 30 e poucos anos, havia feito os votos perpétuos e estava causando agitação nas casas de formação em Washington, onde morava. Minhas superioras a enviaram para minha comunidade, dizendo: “Lumen, você é muito calma, temos certeza de que será capaz de lidar com ela” ao mesmo tempo me deram ler o livro “Walking on Eggshells” para poder lidar-me com ela e com a situaçao. Nesse momento, eu me sentia, dentro de tudo, “calma”, pois acho que já estava vivendo em uma dissociação constante com a quantidade de coisas que ia acontecendo.

    – Eu não tinha permissão para informar as outras irmãs da comunidade sobre o diagnóstico dessa irmã, de modo que elas basicamente tinham de sofrer com a raiva, as explosões e o desconforto que essa irmã causava, sem entender por que ninguém fazia nada a respeito.

    – Diariamente, eu tinha longas sessões de diálogo e escuta com essa irmã – às vezes até duas horas seguidas – enquanto ela chorava, trancada em seu mundo emocional de autoaversão, absorvendo-me, consumindo a minha energia e o tempo que eu tinha para dedicar também às outras irmãs da comunidade.

    – Esa irma ia a um psiquiatra e tomava vários medicamentos psicóticos, na época também foi lhe sugerido uma terapia comportamental dialética residencial devido à gravidade. Pedí ao seu psiquiatra uma carta por escrito para presentá-la às superioras como uma prova da sua gravidade. Esse tratamento foi recusado pelas superioras por motivos financeiros, mas por outro lado se recusavam conversar com a airma e enviá-la a sua casa, portanto continuou na comunidade, tomando seus medicamentos e fazendo terapia de conversação uma vez por semana, o que não ajudou em nada. Isso durou dois anos sem nenhum controle, enquanto eu gradualmente “perdia a cabeça”.

    – Essa irmã regularmente tinha explosões por causa de seu transtorno, tanto comigo quanto com o restante da comunidade por pequenas coisas, como o fato de uma irmã dobrar as toalhas do seu jeito.

    – Dezenas de vezes que se trancava no banheiro por horas, batia a cabeça contra a parede repetidamente para se machucar; todo tipo de loucura.

    – Além do livro, não recebi nenhuma preparação ou apoio para ajudá-la. somente me diziam: “Não leve nada do que ela diz ou faz para o lado pessoal, é a doença dela”.

    – Ademais de ter um comportamiento hipocondríaco furioso. Desde que chegou na comunidade com alergias alimentares, teve sua vesícula biliar removida quando eu era a esponsável pela comunidade, fomos a dezenas de especialistas em Nova York ao longo de seus dois anos comigo no Harlem.

    – Sem mencionar que me ligava constantemente, enquanto eu estava trabalhando no escritório de catequese da paróquia (substituindo outra irmã que teve que ausentar-se por um ano e que tampouco recebeu nenhum tipo de apoio -mas disso falaremos depois-), reclamando de dores, tirando-me do trabalho ou o que parecia mais provável, simplesmente tentando chamar minha atenção, como geralmente acontece com as pessoas que têm esse tipo de transtorno com a pessoa que as acompanha.

    – Muitas coisas aconteceram naquele primeiro ano, mas lembro que outra irmã da minha comunidade precisou voltar à Argentina para ajudar a mãe por um período indefinido. Essa irmã era responsável pelo catecismo na paróquia, o apostolado era muito grande e o trabalho era em tempo integral, pois havia mais de 400 crianças e mais de 50 catequistas em um programa bilíngue (espanhol aos sábados e inglês aos domingos). E adivinha quem deveria ocupar seu cargo, enquanto ela estava em licença por tempo indeterminado? Exatamente, eu!

    Pedi apoio às minhas superioras porque sentia que literalmente me enlouquecia. Minhas superioras sabiam como era difícil ter uma irmã com transtorno de personalidade limítrofe na comunidade, então como poderiam pensar que eu poderia assumir mais uma responsabilidade e substituir a irmã que tinha se ausentado, assumindo também a função de diretora de catequese em tempo integral?

    Afinal me enviaram uma e foi uma verdadeira bênção para mim, mas não o suficiente, porque, para minha surpresa, ela também estava doente e frequentemente precisava se ausentar, até que finalmente desistiu da vida religiosa (hoje está melhor, curada e prosperando em sua vida). Conclusão: Tive de assumir esse cargo em tempo integral durante todo o ano catequético, juntamente com a administração da irmã doente e do restante das irmãs da comunidade, sem mencionar que também era responsável a nível de província, pela parte litúrgica, planejando toda a liturgia cantada para festas, missas e eventos, nos quais reuníamos centenas de pessoas.

    Ensaio do coral, 2010

    Além disso, ser superiora de uma comunidade já implica suas próprias responsabilidades, que incluem todas as irmãs, reuniões de superioras, funções de liderança etc., essa era basicamente a parte mais fácil, mas isso não significava que eu não fazia nada; o apostolado era muito grande e eu tinha que preparar e organizar constantemente aulas na paróquia, retiros para jovens, crianças etc. Sempre havia muito o que fazer.

    Mas, por que ninguém me escutava?

    E ainda não terminei!

    – Minhas superiorea pareciam ignorar tudo o que eu dizia. Deram-me a noticia que eu tinha que viajar para a Argentina para acompanhar essa irmã doente para que se consultasse com um médico de lá. Ficaríamos na casa de sua tia em Buenos Aires por alguns dias, para que o médico pudesse fazer alguns exames nela, enquanto ela tomava seus remédios, não me lembro bem quais eram esses remédios, mas não estavam relacionados ao distúrbio que ela tinha, mas sim à sua saúde física. Então viajamos para lá e fizemos tudo o que era necessário, não foi fácil e tivemos muitas brigas durante a viagem.

    Não me lembro bem, mas, no último momento, ela queria que eu viajasse com ela para visitar sua família em outra região da Argentina (uma família negligente e disfuncional?). Essa é a relação de amor e ódio entre uma pessoa com esse transtorno e as pessoas que as cuidam. Um dia elas te odeiam e no outro dia estão super apegadas (não é a toa que essas pessoas tenham medo de relacionar-se).

    Naquele momento pensei: “De jeito nenhum,não vou. Eles são literalmente a razão pela qual você é como é!”. Não lhe disse, mas era a verdade.

    Implorei à minha superiora que me deixasse voltar sozinha à Nova York, o que me foi concedido. Voei de Buenos Aires para Nova York e, assim que cheguei, implorei ao meu diretor espiritual (um sacerdote do IVE) que fizesse algo por mim com urgência, ou a irmã deixava a comunidade ou elas me tirassem de lá. Eu não aguentava mais!

    Finalmente, graças às suas súplicas (e, o que é mais impressionante, que foi preciso que um homem interviesse para que algo para fosse feito), ela foi enviada para a casa Provincial (a 4 quarteirões de distância).

    – Alguns meses depois, pedi um tempo de descaço e fui enviada para Avondale, na Pensilvânia, como diretora de catequese da paróquia. Isso estava longe de ser um descanço? Avondale era outra paróquia enorme e a diretora de catequese era uma responsabilidade igualmente grande em tempo integral. Portanto, eu não só estaria nessa função, mas, ao contrário que em Harlem, teria de aprender novas maneiras de fazer as coisas, conhecer todos os novos professores, famílias, etc. Cada paróquia é um mundo diferente com suas próprias regras. Sim, ótimo, muito obrigada por tudo!

    Deixei a vida religiosa apenas dois meses após minha mudança para Avondale e tudo começou a desmoronar em mim apenas um mês depois de eu estar lá. Comecei a chorar todos os dias, não conseguia comer, não conseguia sorrir, não tinha energia nem ânimo e me sentia profundamente triste. Havia chegado ao outro extremo da exaustão, sentia-me em completo luto, uma parte de mim parecia ter morrido contida nesse tipo de vida religiosa. Ironicamente, me chamava “Lumen” (luz), mas sentia que minha luz interior havia se apagado.

    A única paz e esperança que eu sentia era imaginar um dia deixar aquela vida -apesar de todos os medos de voltar ao mundo aos 30 anos, com a cabeça raspada e um intervalo de 8 anos no meu currículo- tinha a esperança que algo poderia acontecer na minha vida que seria melhor que aquilo que eu estava vivendo.

    E esses foram meus 12 anos lá. Não foi fácil e ainda não está sendo fácil trilhar meu caminho nesta sociedade capitalista, mas tenho bons aliados visíveis e invisíveis que me ajudam a trilhá-lo.

    – Meu diretor espiritual me deu permissão para pedir um indulto de saída, então pedi à minha superiora deixar a vida religiosa e ela imediatamente achou que eu estava tendo um colapso nervoso -em retrospecto se podia dizer que sim-. Ela queria me mandar a descançar no mosteiro por algumas semanas ou ir para a Califórnia. Tentei explicar a ela que essa situação vinha se arrastando há muito tempo -não se dava conta disso? Uma pausa de duas semanas no mosteiro não resolveria o problema. Finalmente, meu pedido foi encaminhado à Superiora Provincial e tive de manter o contato com ela para ter certeza de que meu pedido seria ouvido e para saber a data de quando poderia voltar para casa. Passou-se um mês até que finalmente me deram uma data para partir, 19 de setembro.

    Negligências e abusos

    Faz tres anos que venho trabalhando “entre bastidores” numa prática excepcional de terapia comportamental dialética com um conhecimento próximo e pessoal, tanto da modalidade quanto nos tipos de clientes típicos que melhor se encaixam nos critérios dessa terapia. E posso dizer com segurança que o fato das superioras terem se recusado a permitir o tratamento dessa irmã com transtorno de personalidade limítrofe (de forma residencial) foi negligente, pois ela estava causando danos a si mesma e às pessoas ao seu redor.

    Essa Ordem religiosa se orgulha em dizer que “cuida dos seus”, uma estupidez escrita em suas Constituições, porque nesse caso e em tantos outros, vemos a negligência e o cuidado insuficiente que tiveram. Na minha época, elas raramente mandavam uma irmã doente de volta para casa, mas tenho certeza de que essa irmã em particular teria recusado veementemente essa proposta, mas algo tinha de ser feito, pois a realidade era que ela era uma mulher jovem, diagnosticada com transtorno de personalidade limítrofe, recomendada por escrito para realizar uma terapia comportamental dialética residencial por seu psiquiatra, e a Ordem à qual ela pertencia se recusava a fornecer-lhe o tratamento que a ajudaria a que tivesse uma saúde mental estável. As consequências eram:

    – um sofrimento diário de altos e baixos emocionais incontroláveis,

    – que todas as irmãs com quem ela convivia sofriam regularmente com suas explosões de raiva, sua volatilidade emocional e sua manipulação, sem que a maioria delas soubessem o motivo,

    – que as superioras, como eu, tinhamos que assumir a responsabilidade em cuidar a uma pessoa que sofria de uma doença mental e emocional crônica, sem ter nenhum treinamento específico ou apoio profissional nesse tipo de função e, ao mesmo tempo, tendo que cuidar do restante da comunidade, das responsabilidades do apostolado e da província.

    PARA NÃO MENCIONAR que ninguém se importava comigo, simplesmente me enviaram uma irmã doente e um livro, como uma especie de manual de preparação para aprender a conviver com ela. Como sua superiora não consegui que lhe fosse designado um terapeuta quando ela realmente precisava de um; não consegui uma irmã extra para ajudar-me no apostolado, ou seja, não recebi nenhum apoio regular para lidar com tudo isso sozinha.

    Tudo o que eu podia fazer era telefonar para a superiora da província quando a situação saía fora do controle, mas nada era feito para cuidar da minha saúde mental e emocional.

    E desde aqui envio saudações aos meus pais

    Graças a Deus, cresci em um lar estável com vínculos seguros, graças a Deus, tive uma educação saudável e com os pés no chão, com discernimento sábio, habilidades intuitivas profundas, com a capacidade de aprender rapidamente e gerenciar meu mundo emocional bem o suficiente para não sair correndo de lá quando tudo aquilo se transformou num inferno. E agora entendo porque me sobrecarregaram com muitas coisas, aquelas que foram religiosas também entenderão: “APOIEM SEMPRE A SUAS SUPERIORAS”!

    Mas o que as SSVM estão fazendo?

    É como ter a 5 titulares de um time de basquete, que jogam mais minutos e apoiam mais o time, mas nenhum deles participam dos benefícios, como ir ao quiroprático, à sauna, comer alimentos bons e nutritivos, etc. Como explicar tudo isso sem falar de negligências e abusos?

    E nem me fale sobre como nos ensinam a ser “generosos com Deus”, pois, dessa forma, “Deus nos dará a graça para tudo o que se nos designa”. Isso nada mais é do que uma lavagem cerebral para fazer com que você se cale e seja uma freira boa e calada; para fazer com que você se sinta culpada e se confesse de qualquer pensamento contrário, quando são literalmente eles que estão sugando a vida que Deus lhe deu. Bastante distorcido, não é? Bem-vindas ao convento!

    (Estou escrevendo sobre isso).

    Será que todos nós nos comprometemos com uma vida de serviço, obediência e “morte para si mesmo como Cristo na cruz”? De fato, sim! Mas será que sabíamos que isso seria tão disfuncional e prejudicial à nossa própria saúde mental, emocional e física? Não! Deveríamos, então, ter lido as “letras pequenas”.

    Na minha opinião, ao aplicar a frase: “O que Jesus faria?”, -que para mim é uma pergunta básica do cristianismo-, às SSVM fez o oposto. Deveriam ter se preocupado, permitido e garantido um local para o tratamento dessa irmã, desta forma, lhe ajudaria a ela mesma, às irmãs que tinham que conviver com ela e à superiora que estaria responsavel pelo seu cuidado. Isso não pode ser negado por falta de recursos financeiros, porque AS SSVM SIM POSSUEM MEIOS ECONÔMICOS.

    Resumo

    Também escrevo coisas positivas sobre meu passo pela vida religiosa, já disse isso uma vez e não mudaria a decisão que tomei de entrar para as Servidoras. É um caminho de vida incomum que sou grata por ter percorrido, mas devo dizer que foi profundamente prejudicial para muitas de nós.

    Minha história é uma das mais “leves”, não sofri insultos, não sofri maus-tratos, não fui mandada para casa sozinha e sem dinheiro como outras foram. Fui levada de volta à casa por duas irmãs, provavelmente porque eu havia sido superiora por quatro anos e senti que as irmãs me valorizavam, ou talvez porque eu era apenas uma garota norte-americana branca, quem sabe! Mas há outras histórias tristes e lamentáveis que causaram mais danos. Minha historia se enquadra na categoria de traumas crônicos e duradouros, talvez haja menos historias como a minha, mas também existimos!

    No início deste ano, recebi a notícia de que uma irmã com quem eu morei havia decidido ir embora. Foi religiosa há cerca de 20 anos e isso me preocupa, rezo por ela! Entramos em contato com ela, mas no momento não queria nenhum apoio. Muitas passaram menos tempo do que nós, mas com histórias igualmente intensas e ambas são válidas e prejudiciais.

    Cada uma de nós busca curar-se e, às vezes, o processo é longo, mas eu diria que a dificuldade é que nossas histórias são difíceis de se tornarem visíveis porque tudo acontece em um ambiente com muito sigilo e ninguém REALMENTE sabe o quão exigente é a vida que levamos e a lavagem cerebral que existe, a menos que tenham passado por isso

    Repetirei sempre que se trata de uma seita, mas como tudo está sob uma fachada que grande parte do mundo honra – freiras fazendo obras de caridade, ajudando os mais pobres dos pobres, esposas de Cristo – é difícil separar o virtuoso do prejudicial, mas os dois podem coexistir.

    No entanto, aqui estamos nós. Tentando carregar nossas histórias, nossos segredos e feridas da melhor maneira possível; tentando transformá-los em magia e serviço neste mundo, muitas vezes com as nossas almas um pouco cansadas e marcadas pelo o que passamos; tentando seguir em frente sem ser “queimadas”, mais uma vez, sem deixar que se aproveitem de nós, sendo um pouco mais sábias e mais hesitante no momento de entregar-nos a algo.

    E é por isso que não quero mais trabalhar em tempo integral. Ser freira era um trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem limites. É uma merda selvagem!

    Depois da minha saída, sofrí outros esgotamento no mundo do trabalho em tempo integral e, embora isso não seja objetivamente um problema para todos, simplesmente não é mais para mim.

    Agora quero aproveitar o tempo, deitar na grama, observar a brisa que passa pelas árvores, brincar com meus gatos pelo resto dos meus dias, além de dançar, é claro.